Barretos: a cidade que precisa se olhar com olhos de turista

26 de Outubro de 2025 by Milton Figueiredo
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Barretos: a cidade que precisa se olhar com olhos de turista

Há cidades que vivem esperando que alguém de fora as descubra. E há outras que só precisam se lembrar de quem são. Barretos é desse segundo tipo.

Quem nasce ou vive aqui já carrega uma história feita de fé, coragem e trabalho, a mesma que ergueu arenas, desbravou campos e fez ecoar o som do berrante pelos quatro cantos do Brasil. Mas talvez o que falte, agora, não seja fama... seja olhar.

Porque o turismo começa no olhar. É quando alguém percebe beleza onde o outro passa apressado. É quando um morador se torna guia, mesmo sem crachá. É quando o empresário entende que cada mesa bem posta, cada sorriso no balcão, cada placa limpa de “Bem-vindo” é, na verdade, um convite para ficar.

 

Um título que não veio por acaso

Desde 1º de dezembro de 2021, Barretos carrega o título de Estância Turística, reconhecimento oficial do Governo do Estado de São Paulo. Não é pouca coisa. Significa que nossa cidade entrou no mapa dos destinos que têm potencial, estrutura e alma para receber quem vem de fora. É um selo que poucas conquistam, e menos ainda conseguem sustentar com autenticidade.

Mas ser uma estância não é apenas ter festas, hotéis ou belas paisagens. É ter propósito. É compreender que o turismo não é um evento, é uma cultura.

Cidades como Olímpia, Águas de Lindóia e Holambra descobriram isso há anos: quando a comunidade se une, o turismo floresce o ano todo. O visitante chega, se encanta e volta. E o dinheiro gira. E o orgulho cresce. E o ciclo recomeça.

 

Barretos tem tudo. Falta acreditar

A Festa do Peão é um fenômeno. O Hospital de Amor é exemplo nacional. Nossa história está nas igrejas centenárias, nas praças, nas fazendas e até nas ruas de paralelepípedo.

Mas o turista não vem apenas pelo evento, ele vem pela experiência. Ele quer provar o doce caseiro da feira, tirar foto com o Boi Soberano, andar de charrete no Parque dos Lagos, ouvir uma moda de viola na praça, e sentir o cheiro do café recém-passado no comércio da esquina.

E para isso acontecer, é preciso que nós, moradores, empreendedores, comunicadores, artistas, olhemos para a cidade com um pouco mais de amor e estratégia. O turismo é feito de detalhes, mas depende de gente.

Depende de quem acredita que vender um passeio, um prato típico, um artesanato ou uma história é, no fundo, vender emoção.

 

O chamado que vem de dentro

O título de Estância Turística não é um troféu que se coloca na prateleira. É um lembrete diário de que Barretos pode ser muito mais do que um destino de 11 dias de festa ou para tratamento no Hospital de Amor.

Pode ser a cidade da fé que acolhe.

Pode ser o refúgio rural que encanta.

Pode ser a rota cultural que emociona.

Pode ser o roteiro da saudade que desperta sorrisos.

Tudo depende de nós, e especialmente de quem empreende aqui. Porque o turismo não se impõe; ele se constrói com parcerias, criatividade e coragem de investir.

E quando um empresário acredita na própria cidade, o turista acredita junto.

No fim das contas...

Barretos já tem o que muitas cidades procuram: história, hospitalidade e coração.

Agora, precisa apenas fazer o que sempre soube fazer melhor: acreditar no próprio potencial.

Afinal, o turista só vê encanto onde o morador enxerga orgulho. E se os barretenses voltarem a se olhar com os olhos de quem chega, talvez descubram que Barretos nunca deixou de ser um destino, só estava esperando ser redescoberta.

 

 

Por Milton Figueiredo

Jornalista, empreendedor e artista